segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Autobiografia em poema


O poema que segue faz parte da biografia da acadêmica Otilia Lizete de O. M. Heinig e foi produzido por ela em um momento em que estudava autobiografia com seus alunos do curso de Letras da FURB. A autora traz aspectos que considera relevantes para a definir como pessoa multifacetada que todos somos em nossa identidade que se constitui no diálogo com o outro:

SOU A PEDRA POLIDA
NA NATUREZA INTACTA
ENCONTRADA

SOU A DOR DA PARTIDA
NA VIDA DESCONEXA
SENTIDA


SOU O SOL DE INVERNO
NO AGOSTO DE 1962
NASCIDO

SOU A ALEGRIA DESMEDIDA
NA LABUTA ORDINÁRIA
VIVIDA

SOU UMA PÁGINA REVISTA
NO LIVRO NOVO
RELIDO

SOU UM RELÓGIO ACELERADO
NO COTIDIANO DA LUZ
MILENAR

SOU UM ÚTERO QUE GERA
NA VIDA FÉRTIL
O FILHO AMADO

SOU UMA SOMBRA FRACA
NO DIA NUBLADO
EM QUE VIVO A REFLETIR

SOU UMA BANDEIRA DE PAZ
NO MEIO DA GUERRA DO SABER
EM BUSCA DE MIM MESMA.

SOU UMA PLACA DE PROCURA-SE
NO MEIO DA SELVA URBANA
INQUIETA

SOU UM CORPO QUE ENVELHECE
NOS DIAS QUE SE VÃO
CONTENTES

SOU UM CORAÇÃO PULSANDO
NO AMOR QUE ME APROXIMA
NA DESCONFIANÇA QUE ME AFASTA
NO TRABALHO QUE ME CHAMA
NO DIZER QUE NÃO CALA.


SOU UM SER QUE SE DESENHA, SE APAGA, SE RECONFIGURA.

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