O poema que segue faz parte da biografia da acadêmica Otilia Lizete de O. M. Heinig e foi produzido por ela em um momento em que estudava autobiografia com seus alunos do curso de Letras da FURB. A autora traz aspectos que considera relevantes para a definir como pessoa multifacetada que todos somos em nossa identidade que se constitui no diálogo com o outro:
SOU A PEDRA POLIDA
NA NATUREZA INTACTA
ENCONTRADA
SOU A DOR DA PARTIDA
NA VIDA DESCONEXA
SENTIDA
SOU O SOL DE INVERNO
NO AGOSTO DE 1962
NASCIDO
SOU A ALEGRIA DESMEDIDA
NA LABUTA ORDINÁRIA
VIVIDA
SOU UMA PÁGINA REVISTA
NO LIVRO NOVO
RELIDO
SOU UM RELÓGIO ACELERADO
NO COTIDIANO DA LUZ
MILENAR
SOU UM ÚTERO QUE GERA
NA VIDA FÉRTIL
O FILHO AMADO
SOU UMA SOMBRA FRACA
NO DIA NUBLADO
SOU UMA BANDEIRA DE PAZ
NO MEIO DA GUERRA DO SABER
SOU UMA PLACA DE PROCURA-SE
NO MEIO DA SELVA URBANA
INQUIETA
SOU UM CORPO QUE ENVELHECE
NOS DIAS QUE SE VÃO
CONTENTES
SOU UM CORAÇÃO PULSANDO
NO AMOR QUE ME APROXIMA
NA DESCONFIANÇA QUE ME AFASTA
NO TRABALHO QUE ME CHAMA
NO DIZER QUE NÃO CALA.
SOU UM SER QUE SE DESENHA, SE APAGA, SE RECONFIGURA.
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